Estórias do Ballet 8 - Sapatilha de Ponta

Todos quando vêem uma bailarina dançando, com aquela leveza, graça e sorriso no rosto não fazem idéia do sofrimento que ela pode estar passando. Aquele belo pé na ponta, quando descalso, é um mar de calos, bolhas e unhas encravadas.

O sofrimento começa quando se compra uma sapatilha nova. Mesmo as "mais macias" para as iniciantes ou com pés não muito bons precisam ser muito amaciadas antes de serem usadas, a não ser que seu pé seja muito bom. Algo semelhante com um tênis de corrida. Um pé muito bom para o ballet significa um pé bem cavo e com o peito do pé bem grande. Esse tipo de pé é o pior possível para o atletismo. O meu pé é ruim para o ballet, pouca curva do pé e nenhum peito. Para o atletismo, um tênis pronador resolve o problema. Antes do RPG, era hiper-pronador, o que dificultava a minha vida como atleta. Agora ele melhorou bastante graças à Dra. Sandra.

Há muita semelhança entre ballet e atletismo. Assim como não se deve estrear o tênis na corrida, é um grande erro estrear a sapatilha na apresentação. O sofrimento acaba sendo sem fim. No palco é um sorriso só; nas cochias, muito choro.

Mais ainda, assim como tênis velho é um problema, o mesmo pode-se dizer para sapatilha velha. Tênis velho dá tendinite. Sapatilha velha, com o gesso mole, faz com que se sinta os dedos tocando o chão. É insuportável!

Outra similaridade é que correr ou dançar com unhas grandes dá problema em ambos os casos. No caso da sapatilha de ponta é muito pior. Você sente a unha cortar o outro dedo. Dói muito! Digo isso porque já cometi tal besteira.

Hoje em dia o sofrimento, tal como com os tênis, é menos pior. No passado, as sapatilhas de ponta eram de ferro. Eu usei as de gesso. Na época, no Japão já existiam as de couro. Não sei se já são usadas por aqui. Há também uma proteção para os pés chamada de ponteira. Na minha época, era de espuma, que logo ficavam finas. Hoje em dia tem-se as de silicone, que suponho que sejam bem melhores.

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