Corrida de São Sebastião


Eu estava muito otimista com meu desempenho desde o final do ano passado e achava que tinha tudo para arrebentar na primeira corrida de 2016, voltando a fazer os 10 Km abaixo de 46 min, para ao longo do ano só melhorar. Só que eu não contava com uma baita gastroenterite que me deixou de cama dos dias 11 ao 16. Precisei ir duas vezes ao hospital tomar soro, não conseguia me alimentar direito, cheguei a ter um pouco de febre e muita diarreia. Só voltei a treinar no domingo, me sentindo mole, sedentária e sem velocidade. Como a corrida foi na quarta dia 20, foi meu único treino forte. O treino de segunda era apenas o de trote com 10 retas de 100 m. Nesse último treino as retas ainda não saíram tão forte quanto eu queria, mostrando-me que eu não tinha toda a minha velocidade. Para piorar, fiquei dolorida de dois treinos normais, que para minha recente e curta vida sedentária foram muito cansativos.

Eu também perdera peso (ao menos algo de bom nisso tinha que haver!) e nos últimos dias antes da corrida, fiquei com hipoglicemia e dor de cabeça pela falta de comida. Então, foram mais noites mal-dormidas com fome, fraqueza, etc.

No dia da corrida, dia 20 de janeiro, acordei às 5:30 meio cansada, saí às 6 h e fui para o Aterro do Flamengo. Estava chuviscando e meio frio, algo que nunca vi numa corrida de São Sebastião. Todas sempre foram marcadas por um fortíssimo calor. Apesar de cansada e com a frequência cardíaca meio alta, sentia o corpo leve no aquecimento. Consegui me posicionar bem na frente na hora da largada sem passar aperto.

Uma coisa absurda é o número de pessoas que conseguem vaga na elite "no grito". Quem corre os 5 Km não pode sair na elite mesmo sendo fera e tem que sair lá atrás. O mesmo vale para os homens e mulheres que levam mais de 32 e 37 min, respectivamente, nos 10 Km. Não tem isso de que um dia já pôde fazer. Se não pode fazer mais, tem que ir para o povão. Até acho justo que o índice seja mais "leve" para ter mais gente na elite. Contudo se o índice é de X min, somente quem faz abaixo de X min deve entrar na elite. 

Dada a largada com tranquilidade, procurei segurar o ritmo no 1º quilômetro, fechado com 4:17. Dali em diante eu forcei para me manter junto com um homem que corre lá na Quinta da Boa Vista. Me mantive próxima até o 3º quilômetro. Depois eu precisei arrumar outro homem para seguir, pois o outro me deixara para trás, a quem acompanhei até o final. Eu nem olhava muito o relógio, apenas procurava me manter focada no homem a quem seguia. 

Quando chegou a hora de dividir o pessoal entre os 5 e 10 Km, eu me mantive junto com o pessoal dos 5 Km para tentar ter mais velocidade e fazer uma tangente na curva. Mesmo assim, os 5 Km do meu relógio deu um tantinho antes dos 5 Km marcados na corrida. E o erro só foi aumentando, ficando em aproximadamente 100 m do 6º quilômetro ao 9º e chegando a 170 m ao terminar a corrida. Sentia o esforço e dores do lado. Porém, a vontade era maior do que qualquer dor,

Terminei a corrida que eu coloco como tendo 10,1 Km (10,17 no meu preciso GPS) em 45:49, sendo a 154º no geral absoluto, 17º no geral feminino, 2º não-elite e 1º da minha faixa-etária. Se eu tivesse uma boa semana, acho que dava para fazer abaixo de 45 min. De qualquer forma, estou otimista. Se não tiver lesões, porque não tentar terminar o ano fazendo abaixo de 42 min nos 10 Km e abaixo de 20 min os 5 Km? Sonhar não custa nada mesmo com o peso da idade nas costas.

Dada a premiação, fiquei surpresa com o forte nível dos atletas estrangeiros e com a premiação que diminuiu, sendo R$ 4000,00 para o 1º e míseros R$ 500,00 para o 5º. Em compensação, a Caixa, que patrocina a corrida, aumentou o patrocínio para o futebol. Além de ter muito atleta forte para pouca premiação, me chamou a atenção o fato de que nunca chamam um ex-fundista para subir ao pódio e premiar os atletas. Sempre é um ex-velocista. Com todo o respeito aos nossos ótimos ex-velocistas, a corrida é de fundo e temos também vários ex-fundistas que merecem ser lembrados. 

Uma coisa que me desagradou e muito na corrida foi o lanche. Só deixaram cada um pegar uma banana pequena, uma fatia de melancia (ao menos a minha foi gigante) e um sorvete. A corrida é muito cara para essa pão-durice toda. Eu até consegui mais um sorvete ao pedir para o dono da organização, o João Traven. Ao final, depois de esperar o sorteio onde raramente ganho algo, tentei pegar mais alguma coisa. As melancias tinham acabado, só sobrando banana e sorvete. Me deram uma caixa de bananas. Entretanto, se recusaram a me dar mais sorvete. Acho isso um absurdo. Quem pagou os R$ 75 reais de inscrição juntamente com R$ 6,00 de taxa de conveniência? É muito caro para fazerem isso. Se sobrou, tinham que dar para os corredores, nem que fosse no sorteio. Se eu conseguisse uma, teria comido todos de uma só vez sem piedade.

Com o esforço que tive estando um pouco fora de forma, acabei muito dolorida e cansada nos dias seguintes. Parece até que fiz a São Silvestre, que é bem mais puxada.


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