Shorts de corrida

Como todo mundo sabe, sou fundista, ou seja, corredora de longas distâncias. Para exercer essa minha grande paixão, uso shorts adequados, como os da foto acima. Eles são curtos, abertos dos lados para permitir maior mobilidade das pernas e possuem um forro para que não apareça nada. Como muitas vezes vou direto para a academia depois de treinar, vou com eles para lá, para fazer ginástica localizada e musculação.

Mas não é que um grupo de mulheres, encabeçado por uma coroa que já é bem passada, resolveu que iriam fazer queixa de mim na secretaria, alegando que eu estava vestida de maneira inadequada e que deixava o professor sem graça. São é um bando de invejosas, isso sim. Eu não os uso para aparecer. Simplesmente são a minha ferramenta de trabalho (infelizmente não remunerado).

Realmente, chamo a atenção pelo meu belo corpo (belo mesmo, porque estou com 48,8 Kg!), por me vestir de maneira diferente e por ser uma pessoa diferente. Não faço a menor questão de ser normal. Eu é que não vou usar aquelas calças quentes e que ainda por cima engordam. Infelizmente, para não arrumar confusão, tenho que colocar outro short para malhar. A tal mulher ficava me olhando de cabo a rabo. E ainda o faz de vez enquando. Nem homem me olha daquele jeito. Estaria ela gostando? Se não estiver, parece.

Se não fosse a minha mãe, que se envergonha se eu fizer escândalo, teria feito aquele barraco. Com ela eu meio que fiz. Afinal, ela usa umas roupas justíssimas. Uma vez, estava com um decote enorme! E ainda por cima dá em cima do professor, que já é um coroa, e fala indecências para ele. Uma vez, a aula era com bola. Ela começou a dizer que a dela estava mole e que ela não gostava de coisa mole e sim de coisa dura. Ao olharem para ela, ela falou que as outras é que eram maldosas.

Mas quando uma outra falou que um professor bonitão deixava as mulheres do salão com calores ao passar em frente ela fez uma cara feia, como se dissesse: "Que horror!". Ela fez a mesma cara quando começaram a falar da tal dança do créu. Talvez o problema seja que ela ache que eu posso roubá-lo dela. De jeito algum. Primeiro que ele é casado. Depois, é muito velho para mim.

Se a esposa dele, que me conhece, nunca se importou com a minha vestimenta, por que as outras se incomodam? Quem tinha que se incomodar era ela, já que o marido é dela.

Essa senhora só faz aula de professor homem, e, de acordo com uma professora, ela dá em cima de todos os professores. Não sei o que aconteceu, só sei que essa professora não gosta dela e nem a quer na aula dela.

Agora resolveu correr também. Pelo menos eu estou sendo uma influência positiva. Se quiser tanto ficar igual a mim (o que é impossível, já que a idade é algo que pesa, e ela tem mais de 60), deveria se cuidar mais e não beber. Já ouvi dizer que ela bebe muito. E também dormir cedão e comer bem, tal como eu.

Sabe qual é o problema? As pessoas não têm o que fazer e ficam tomando conta da vida alheia, se irritando com o que os outros fazem e pensam, principalmente se estiverem felizes. Já repararam que as pessoas sempre gostam de focar e reparar o lado negativo das outras? Sendo que todos nós temos pequenos e grandes defeitos, e erramos. E muito. O mundo seria muito melhor se olhássemos mais os nossos defeitos para corrigi-los e esquecêssemos dos defeitos alheios. Seríamos mais felizes.

Para não ficar pensando besteira, a solução é manter a mente ocupada com algo sadio, como um bom livro, uma boa música, um bom filme, etc. Nada de novelas, fofocas e aquele lixo que é o Big Brother.