
Em 2007 eu disse que não voltaria a correr a São Silvestre. Mas a paixão falou mais alto e resolvi repetir a dose em 2008 apesar dos problemas de calor e excesso de gente. Porém, tinha em mente em não usar a tática do ano anterior, que era esperar todo mundo largar, dar um tempo e depois sair. Isso fez com que eu alcançasse a muvuca correndo devagar no 3° Km, me impedindo de correr bem e fazendo um tempo que considero vexaminoso.
Na ida, fui de ônibus executivo da Auto Viação 1001. Confortável, um tanto vazio, com direito a lanchinho, mas, por ser um ônibus de 2 andares, andava muito devagar. Um senhor na sala de espera falou que parecia um dinossauro. Matei o tempo jogando um Sodoku cascudão que eu consegui resolver no meu celular. Durante a viagem, um rapaz perguntou o que eu ia fazer em São Paulo sozinha e dei a resposta óbvia: correr a São Silvestre. Ele respondeu que minha mãe certamente deveria adorar...
Dessa vez fiquei hospedada no hotel Formule 1 porque o outro onde eu fiquei das outras vezes, o Century Paulista Flat, estava com as vagas esgotadas. Esse era bem mais simples e bem mais barato. Nesse o café da manhã não estava incluído. Mais ainda, se eu levasse um acompanhante, a diária sairia o mesmo valor. Na época, meu ex-ficante não poderia ir comigo. Demorou, mas consegui me virar em São Paulo e achar o hotel, na 9 de Julho.
Depois de estabelecida no hotel, fui pegar o kit. Como de costume, me perdi no caminho de volta e precisei de ajuda das pessoas, que foram muito simpáticas. São Paulo ainda me parece muito melhor do que o Rio em termos de limpeza da cidade. Com relação ao kit, sinto falta de mais coisas comestíveis nele.
Voltando, procurei um supermercado para comprar garrafas d'água. Como iria competir, trouxe macarrão congelado de casa e aqueci no microondas do hotel, algo que repeti no almoço do dia seguinte. Não é bom comer na rua na véspera da competição pois comidas de restaurante costumam ser mais gordurosas e têm muito sal, o que pode prejudicar o meu desempenho. Antes de dormir, fui tomar banho. Sendo que a água quente do chuveiro causou vapor que acionou o alarme de incêndio da recepção. Isso fez com que batessem lá no meu quarto perguntando se estava tudo bem. Fui dormir por volta das 8 h na noite para acordar bem descansada.
Acordei às 6 h e fui logo tomar café. Fiquei só nas frutas, sucos, mel, manteiga, requeijão, café preto e torradas. Comi bastante, mas nada de bolos nem leite integral para não prejudicar a corrida. O almoço foi às 12:45, 4 h antes da corrida. Tanto na véspera como no dia matei o tempo fazendo rascunho para o blog e vendo programas esportivos. Achei engraçado repetirem várias vezes a célebre frase do Renato Gaúcho de que iria brincar no Campeonato Brasileiro. Comecei a me alongar e a tomar meu carboidrato por volta das 14:45 e saí trotando até a largada, carregando um garrafão de água às 15:45, devidamente protegida com muito protetor solar e viseira.
Cheguei na largada às 16:05 e já tinha MUITA gente. Fui o máximo para frente, até onde dava, ficando próxima da placa de largada dos 4:30. Seria tão bom que as pessoas obedecessem essas placas e se posicionassem corretamente! Fiquei em pé mexendo as pernas e me distraindo com as pessoas fantasiadas que eram muito engraçadas. Não estava muito quente, mas o clima seco de São Paulo definitivamente não me agrada. Por duas vezes, me abaixei e fiz um pipi ali mesmo. Algumas pessoas me olharam de cara feia. Eu também não gosto de fazer isso, mas não tinha jeito. Não dava para ir ao banheiro, nem correr apertada ou desidratada. Me livrei da garrafa antes da largada das mulheres de elite, dando água para outras pessoas.
Durante a espera, um senhor me perguntou quanto eu esperava fazer. Disse que estava treinada para fazer 1 h e 10 min. Ele respondeu que iria me encontrar na chegada.
Dada a largada das mulheres feras, minha frequência cardíaca começou a disparar, chegando a 140. Quando foi a vez de todos largarem, me emocionei com a festa e continuava muito nervosa. Depois de algum tempo, começamos a andar e depois, a trotar. Antes de passar pela largada, havia uma câmera da Globo com um repórter falando. Obviamente, dei um tchauzinho que infelizmente não apareceu na TV. 3 minutos depois do tiro, passei pela largada, quando tentei correr de verdade.
Como era muita gente, eu tinha que desacelerar o tempo todo para não bater. Isso foi do início ao fim. Achei o 1° posto d'água muito longe, após o 4° Km. Me chamou a atenção o fato de no 6° Km eu estar com 28 min (tempo líquido) e ter ouvido gente dizer que estava com 29 min.
Como meu treino longo é de 15 Km, por eu preferir provas mais curtas, não preciso nem dizer que comecei a sofrer na corrida, principalmente por ela não ser plana. Mais ainda, comecei a ver que não conseguiria fazer 1:10 de jeito algum. Mais para o final, comecei a sentir a minha pressão descer e a passar mal. Dizia para mim mesma: "Deixa para desmaiar no final!". Cheguei com 1:12:32, em 2531° no geral absoluto, 122° no geral feminino e 12° na faixa-etária indo direto para a maca. O senhor que eu encontrara na largada estava me esperando e me apoiou nessa hora. Contudo, foi só um susto e eu saí feliz com o meu desempenho e correndo (literalmente!) para o hotel para não perder o vôo da Gol que eu conseguira com uma boa promoção.
Me alonguei um pouco no quarto e peguei um táxi para o aeroporto. Infelizmente não consegui desconto na 2° diária por não passar a noite no hotel. Estava muito dolorida nos posteriores de coxa por causa das descidas íngrimes. Logo vi que a volta estava saindo muito cara, pois a corrida me custou R$ 70,00, pois o aeroporto de Guarulhos fica muito longe do centro de São Paulo.
Ao chegar no balcão da Gol, tive a ingrata surpresa ao saber que o vôo era internacional e que eu teria que despachar parte da bagagem, que era bem leve, por causa de shampoo, condicionador, cremes e protetor solar. Isso é ridículo! Se o avião já estava no Brasil qual é o problema de eu carregar isso comigo? Como sempre tem serviço de bordo, apesar de o da Gol ser fraquinho, despachei as minhas barras de cereal e o lanche da São Silvestre (que foi bom!) junto, sendo que as barras eu coloquei na parte sem cadeado. Embora eu seja comilona, costumo perder a fome logo depois de um esforço muito intenso.
Durante o vôo, começou a ter uma baita turbulência por causa de uma tempestade. Não tive medo e fiquei deitada tentando relaxar. Se tivéssemos que morrer, não adiantaria nada me desesperar. Apenas rezei. O pior foi terem cancelado o serviço de bordo por causa da turbulência. Como não tinha trazido nada para comer, estava desesperada de fome. Sendo que demoramos a chegar ao saguão para pegarmos as malas pois o avião parou no meio do aeroporto por causa da turbulência e o ônibus para nos levar demorou.
Ao pegar minha mala fui direto para a bolsa não trancada e... Cadê as minhas barras! Sumiram, assim como a minha bolsa de moedas. Meus protetores solares, que valem muito mais, estavam lá. Tentei reclamar mas já estava tudo fechado, porque já estava muito tarde. Sorte que parte do lanche estava na parte com cadeado.
Ao ligar para o TeleUrca para me levar até a casa da vovó, em Copacabana, descobri que o serviço já tinha sido encerrado por causa do ano novo. Não teve jeito, tive que pegar o táxi do aeroporto (mais R$ 70,00) e encarar um baita engarrafamento por causa de pessoas que insistem ir de carro para Copacabana. Cheguei lá depois das 23 h. Se eu soubesse que a volta seria cara e teria esse estresse todo, teria dormido (cedo) no hotel e voltado de ônibus no dia seguinte. Na casa da vovó todo mundo já tinha ceiado, menos eu. Mesmo tendo lanchado no táxi, comi muito, como de costume. Não tem como resistir a comida de vovó, que hoje em dia tem a ajuda do tio Júlio, não é mesmo?
No dia seguinte e no dia 2, eu estava muito dolorida. Que falta faz passar um gelo depois de uma competição! Minha mãe acha que me viu passando na corrida. Porém, assistindo o DVD gravado pela melhor amiga dela, a Lander, eu não me vi. Até hoje minha mãe não devolveu o DVD. E eu fiquei no prejuízo, porque minhas reclamações com a Gol e a ANAC não tiveram resultado. Pelo menos o atendimento por telefone da Gol é bom. Afinal, a ligação caiu no meio e na segunda tentativa não precisei repetir nada porque tudo havia sido devidamente registrado. Sorte que meu primo Leonardo me disse como identificar vôos internacionais, que são aqueles começados com 7 da Gol e 8 da Varig. Acho que eles deveriam deixar isso claro quando a gente compra a passagem.
Em 2009 decidi não ir por questões financeiras. Lamento apenas não poder passar o ano novo sozinha com meu namorado que eu tanto amo.
Para finalizar, as fotos em um de meus álbuns do Orkut e o vídeo de minha chegada. No vídeo, já digo logo que é muito difícil me ver.
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