Corrida de Vera Cruz

Meus preparativos para a Corrida de Vera Cruz começaram no dia 7/11, quando minha esposa ajudou-me a realizar minha inscrição no site do Ativo.com para a prova de 7,5 km. Era a primeira corrida a ser realizada no dia de Ano Novo no Rio de Janeiro. E recebeu esse nome em homenagem ao primeiro nome dado ao Brasil, e também ao fato da tentativa do Rio de Janeiro proporcionar no último dia do ano uma corrida que pudesse atrair um grande número de corredores. Na minha opinião, foi uma tentativa de criar na cidade um evento esportivo que pudesse rivalizar com a famosa e conhecida Corrida de São Silvestre em São Paulo.

Para mim foi um misto de alegria com um pouco de tristeza. Isso porque minha esposa ainda se recuperava de uma tendinite no pé e ainda não poderia competir. Logo ela que é a pessoa que mais me incentiva e inspira na prática do esporte, mas creio que logo ela ficará recuperada da lesão e voltará a competir novamente.

Na quarta-feira, no dia 28 de dezembro, fui retirar o meu kit da corrida. O local escolhido pela organização foi o Salão Corcovado do Prodigy Santos Dumont, um pequeno shopping próximo ao Aeroporto do Centro do Rio. A retirada do kit se deu sem maiores problemas ao menos para mim, que fui à noite. Quem foi cedo pegou uma baita fila.

Minha esposa iria correr a São Silvestre em São Paulo, porém a lesão a impediu de participar da prova. Logo, a solução foi ficar em casa e assistir a corrida pela TV. Como já havia pago a passagem aérea, resolveu pedir a parte do reembolso que teria direito e cancelou a reserva do hotel em que ficaria hospedada.

Aproveitei a véspera da corrida para descansar um pouco. Como havia combinado com minha esposa, depois do término da corrida voltaria para casa para preparar as rabanadas e o bacalhau para nossa ceia de Ano Novo que ela tanto ama degustar. Na véspera tive uma noite um pouco agitada, pois, mesmo com a reserva do Uber feito antecipadamente por minha esposa, fiquei com receio de perder a hora. Mesmo assim descansei relativamente bem.

No dia corrida acordei cedo e tomei um delicioso café que minha amada esposa deixara preparado de véspera. Minha grande surpresa foi a presença de minha filha Luana que fez questão de me fazer companhia e assistir à corrida. Arrumamo-nos e, às 5:40h, o Uber chegou no horário combinado do agendamento. Despedi-me de minha esposa, pedindo que ela, apesar de machucada, descansasse o máximo possível. 

Antes da corrida minha esposa deixou tudo organizado. Ela fez um roteiro de como chegar ao local da largada e me deu valiosas dicas da corrida. Eu sempre adoro ouvir essas dicas por ela ser mais experiente do que eu em corridas. Tento aprender e captar um pouco de seus conhecimentos. Admiro-a não só pelo fato de ser a minha esposa, mas também por seu esforço e dedicação.

Cheguei no Monumento dos Pracinhas por volta às 6:10 e, apesar de ainda ser cedo, estava em torno de 23 °C de sensação térmica. Assim como na véspera, o tempo estava fechado e caía uma chuva fina que parou antes da largada. A previsão do tempo para o dia da corrida, dia 31/12, era de fato de chuva. Já que ainda era cedo e, como estava com minha filha, resolvemos dar uma volta pelo local da prova, hidratar-me bastante e tirar algumas fotos. 

Depois de passear um pouco, dirigi-me à fila do guarda-volumes. A fila devia ter apenas umas dez pessoas. Depois de guardar meus pertences, resolvi ir ao banheiro químico, sendo que achei o local pequeno para o número de pessoas e com filas muito desorganizadas. Em seguida hidratei-me bastante. Faltavam quinze minutos para o início da corrida, quando resolvi guardar meus pertences, deixar Luana em um local estratégico para ela não se perder e dirigi-me para o local de largada.

Faltando uns dez minutos, preparei o relógio para a corrida. Por uma distração minha esqueci que a largada dos PCDs seria como sempre no pelotão da frente. Havia milhares de pessoas aglomeradas na concentração. Confesso que esse fato me fez ficar muito nervoso e com o receio de não chegar a tempo. O organizador da prova já fazia a contagem regressiva para a largada e eu no meio daquela multidão pedindo licença.

Passava de 7:00h e a contagem regressiva para a prova de PCDs e a largada já tinham acontecido quando finalmente consegui atravessar o pórtico. Havia uma corda que separava os PCDs para os demais corredores que já se preparavam para uma nova largada. Com isso perdi alguns segundos preciosos, pois tive que passar por debaixo da corda e me justificar falando que eu era um atleta PCD. Na minha opinião, esses atletas deveriam ter uma identificação diferenciada, assim como foi feita na corrida da Asics Golden Run.

Apesar de ter me atrapalhado na largada, consegui ativar o relógio. Larguei, como era de se esperar, um pouco atrás dos outros corredores. Sabendo de minhas limitações físicas, procurei fazer uma corrida de recuperação nos primeiros quilômetros sem me esforçar muito fisicamente. Com um pouco de esforço, alcancei o pelotão da frente depois de alguns minutos e permaneci nele até o fim da corrida.

Durante toda a prova fiz o que me comprometi a fazer. Apesar do contratempo da largada, senti-me bem durante a corrida. Pena que não tinha premiação para PCDs. Havia, pelo que pude perceber, apenas uma mulher na minha frente e, ainda que não fosse o primeiro dos homens, com certeza eu chegaria entre os primeiros colocados. Nos dois quilômetros iniciais resolvi manter um ritmo mais cauteloso. Ao menos consegui a minha meta maior que era concluir a prova.

Terminando, fui pegar minha medalha de participação e o lanche comum que a organização sempre dá depois da corrida. Achei a quantidade do lanche muito pequena, limitada a apenas copos d'água, isotônico e suplementos vitamínicos, que levei para minha esposa. Depois fui me encontrar com minha filha, que me aguardava com um largo sorriso no rosto. Ela comentou que estava muito orgulhosa por minha participação na corrida. Aproveitamos para tirarmos mais algumas fotos e darmos mais uma volta antes de irmos embora. Foi então que avistei um local com uma fila em que dava, através do chip, o tempo da corrida. Apesar do contratempo da largada, o meu tempo registrado não foi tão ruim, fazendo 40:17, ficando com o 19° lugar entre os corredores da minha categoria e 316° lugar no geral de acordo com a listagem. Todavia, meu tempo na verdade foi maior, de 42:48 pelo meu relógio, já que larguei um pouco depois dos demais corredores e o cronômetro já tinha sido zerado para os demais atletas. Isso ficou bem claro nos resultados, onde meu tempo bruto e líquido estavam iguais e minha largada foi em torno de 7:02, horário de largada dos demais corredores.

Como começou a chover e estava muito cansado, decidimos voltar logo para casa. Assim, chegamos por volta das 11:30, cansado, mas com a certeza de dever cumprido. Encontrei minha amada esposa e contei todos os detalhes da corrida para ela, que aguardava ansiosamente a minha volta. Descansei por alguns minutos e depois fui direto para a cozinha preparar o bacalhau e as rabanadas para a nossa ceia em família no Ano Novo, que foi maravilhosa. 

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