O AVC da Tigresa, a Fera Feroz


A Tigresa, por causa de seu câncer nos glânglios, usava uma espécie de chapeu, para não se lamber, o que a deixava muito estressada. Afinal, a gata não consegue entender que aquilo é para o próprio bem dela.


No dia 23 de junho, já havia passado das 22 h quando ouvimos dois fortes berros na cozinha. Achamos que o Billy tinha feito algo com ela, pois ele estava por perto. Ela saiu correndo mancando de uma pata e meio tonta. Porém, não tinha sangue, pelos arrancados, muito menos ouvimos rosnados, só urros semelhantes ao que alguém daria se tivesse sentindo uma forte dor. Ela exalava um fortíssimo cheiro de medo. Minha mãe a pegou no colo, tirou o chapéu e ela estava com os olhos vidrados. A impressão que dava era de que tinha quebrado ou torcido a pata. Pensamos que ela tinha se enforcado com o chapéu e no desespero de tirá-lo, machucado a pata.

Mas não, ela parecia sem forças, se arrastava e, se por acaso virava de barriga para cima, se debatia e se desesperava. Tinha respiração ofegante, como se estivesse com dificuldade para respirar. Mordia as coisas, como para tentar suportar uma forte dor e miava alto. Seus miados pareciam uivos e seus olhos pareciam ver algo que não víamos. Era como se visse monstros, tamanho o pavor que demonstrava. Tínhamos a impressão de que estava morrendo.

Insisti para que a levassem em um veterinário 24 h. A melhor amiga da minha mãe, a Lander, que também tem uma gata, a ajudou na tarefa de buscar uma clinica. Como ela estava muito agitada, não dava para colocá-la na caixa própria para transportar gatos. Minha mãe teve que levá-la numa grande caixa de papelão.

Ao voltarem, ela estava dormindo. No caminho, como ela ficou quieta, minha mãe achou que ela tivesse morrido. O veterinário dissera que tudo levava a crer que ela havia tido um AVC. Ele aplicou uma injeção e medicou-a. Ao conversar com alguns amigos no dia seguinte, me disseram que agimos certo ao levá-la em um intervalo menor do que 2 h. Se demorássemos mais, talvez tivesse morrido ou ficado com sequelas. Por causa do susto, foi difícil dormir nessa noite. Sorte que eu estava de férias. Já pensou ir treinar no dia seguinte desse jeito?

No dia seguinte, ela ficou praticamente o dia todo dormindo no quarto dos meus pais. Parecia calma e sem dor. Minha mãe trouxe comida e ela comeu pouco, com certa dificuldade. Para beber água também estava complicado, porque ela se afogava. Comeu muito tomate cru com vinagre, algo que ela adora. Também não queria saber de se lamber. Para fazer xixi da primeira vez, minha mãe a levou e a trouxe de volta. Na segunda vez ela voltou sozinha. Ela precisava ficar sozinha para que os outros gatos, especialmente o sonso do Nicky, não batessem nela nem a estressasse.

Aos poucos, foi se reestabelecendo e voltando ao normal. Parece não ter tido nenhuma sequela. Voltou a ser a estressada de sempre, rosnando para todos os outros gatos por nada, especialmente para o Nicky, a quem ela parece temer. Acreditamos que o estresse pelo uso do chapéu possa ter causado o AVC. Se em seres humanos o estresse pode causar isso, por que não em felinos? Desde então, nunca mais usou o tal acessório. Longa vida à Tigresa!

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