Copa Rio de Cross Country 2010


No dia anterior, 30 de janeiro, achei estranho o fato de estar sem fome durante o jantar. Aquele macarrão com manteiga, requeijão e parmesão delicioso, quase caindo do prato fundo, que eu traço em poucos minutos, durou uma eternidade. A explicação veio durante a madrugada, quando comecei a sentir a minha garganta ardendo. Infelizmente, acordei às 7 h manhã com um certo mal-estar típico de gripe. Me aqueci, alonguei, passei o protetor solar muito bem passado e tomei o meu café da manhã. Nesse meio tempo, o Thiago chegou.

Fomos até a Central e lá procuramos um ônibus que iria para o CEFAN, na Avenida Brasil, na Penha. Como lá é um quartel, fomos de calça comprida e camiseta, apesar do calor que já fazia. Pegamos um ônibus parador para Campo Grande e logo chegamos lá. Como já estava cheio, fomos em pé o percurso todo. Na entrada, o Thiago teve que mostrar a identidade e assinar um formulário. Sorte que não me pediram nada, pois só tinha as minhas carteiras de atleta.

Chegando lá, fui confirmar a minha inscrição na prova adulto feminino de 8 Km. Achei estranho o fato de meu nome não estar na lista, já que o prof. José Luiz de Souza, do SESI, me dissera que eu estava autorizada a correr como avulsa. A autorização fora dada pelo prof. Nelson Rocha dos Santos, o Nelsinho, diretor técnico da FARJ. Por isso, achava que eu já estava inscrita. Falando o ocorrido com a juíza Mônica e com a secretária Inês, elas simplesmente colocaram meu nome ao final da lista e me deram um número usado pelos atletas do Pan-Americano 2007. Talvez elas já soubessem dessa autorização.

Com relação ao fato de ter que competir como avulsa, aconteceu o seguinte. Eu era atleta do Salgueiro, que durante 2008 se desfiliou tanto da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) e da FARJ (Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro). Tentei me transferir para o SESI, mas como o Salgueiro não enviou uma carta para CBAt me liberando, estou "presa" num clube que não está ativo. Tanto eu como o Zé Luiz já pedimos ao prof. Avelino, ex-representante do Salgueiro, esse documento, que ele ainda não providenciou. Por isso, competi como avulsa e espero poder competir pelo SESI as competições adultas assim que possível.

Lá, perguntei à Mônica se podia correr de top branco ou se precisava de camiseta e ela disse que podia ser só de top. Quando fiquei só de short e top, percebi que o Thiago ficou aborrecido. Como sempre, demorou a falar o porquê. Um atleta da Pé-de-Vento me olhara enquanto eu tirava a calça e a camiseta. Acho chato isso de o Thiago ficar extremamente estressado toda a vez que alguém me olha. Eu, por exemplo, nem ligo se ele é paquerado. O problema é que muitas das vezes ele quer tomar satisfação com o cara, o que pode dar uma tremenda confusão. Vai que o sujeito usa arma ou trama uma emboscada? Não se deve brigar a toa por aí. Ele diz que ele está certo e eu concordo. Mas o que não falta neste mundo é gente que faz besteira e mata ou espanca os outros por nada.

Quando conversava com umas atletas do Vasco, elas disseram que não poderiam correr de sunguinha ou top, talvez por estarmos dentro de um quartel. Porém, eu já correra de sunguinha várias vezes lá e, se ainda fosse do Salgueiro, teria problemas, pois o uniforme era só sunguinha e top. Elas me disseram que a prof. Solange do Vasco que lhes dissera isso. Perguntei à Mônica e ela mandou falar com um juiz cujo nome não lembro agora. Já este rapaz falou que se está incluído no uniforme oficial do clube, pode-se correr de sunguinha e top sim.

A minha prova estava marcada para 10:40 da manhã. Já o adulto masculino, às 11:20. Algo muito cruel considerando o forte calor que estava fazendo. Contudo, eles estavam adiantando todas as provas. Assim que todos os atletas de uma prova confirmavam, eles os levavam para a largada e davam o tiro (no caso, uma cornetada) de largada. Isso foi bom pois a minha começou às 10 h. Todavia, acho que deveriam ter avisado que isso poderia ocorrer. Se eu tivesse chegado mais em cima da hora, achando que a confirmação acabaria às 10:10 (30 minutos de antecedência), teria perdido a prova.

Além da gripe que estava me pegando, sentia as minhas pernas pesadas durante o aquecimento. Isso aconteceu porque fiz a grande besteira de fazer compras no Mundial na véspera, trazendo o maior pesão para casa. Me sentia como se tivesse feito uma senhora musculação. Tá anotado: nunca mais faço isso. Na São Silvestre eu também tenho que carregar pesão até o hotel. Acho que correria bem melhor no dia 31/12 sem isso.

Antes da minha prova, ouvi que as 5 primeiras do menor feminino haviam sido desclassificadas por desobedecerem o percurso. Ao conversar com uma delas durante o banho, ela falou que erraram o caminho porque o juiz não apontou o caminho correto. Percurso de cross é sempre complicado porque nem sempre é óbvio para onde se deve ir. Ainda mais porque é comum os atletas se afastarem e ficarem isolados. No Estadual de Cross dos Veteranos de 2007, a Rachel, que estava na frente, de repente parou e não sabia para onde ia. O juiz da Federação ficou parado e não lhe disse nada.

Na Copa Rio de Cross Country 2008, um dos juízes durante o percurso ficava lendo enquanto passávamos. Sorte que lá no Bosque da Barra não tinha como errar nem cortar o caminho. Enquanto o Zé Luiz e outros bons juízes sempre apontam o caminho, outros ficam esperando o tempo passar, como se não fosse com eles. Só que eles são pagos para fiscalizar e ajudar os atletas. Para que contratar juiz que não quer nada com nada? Em alguns anos anteriores, o Zé Luiz explicava o caminho antes da prova. Além disso, seria útil se afixassem um mapa com o percurso para os atletas olharem.

Durante a minha prova, além do forte calor, teve a dificuldade do percurso, que mudara um pouco em relação às provas anteriores realizadas lá por conta de uma construção que fizeram recentemente. Confesso que me enrolei no final da primeira volta, por não saber para onde ir. Fiquei em penúltimo no início e logo a Regina, do Vasco, me alcançou. Não demorou muito e eu alcancei a Viviane, de uma equipe da Região dos Lagos. No final, ela ficou muito atrás de mim, quase 1/2 volta. Olhando no relógio, me deu um desespero por não estar conseguindo completar as voltas abaixo dos 10 min. Eu forçava, mas não encontrava forças para correr mais rápido. Lá pela 3° volta, alcancei a Tatiana, do Vasco, que chegou apenas alguns segundos atrás de mim.

Durante o percurso, deram água depois das 2° e 3° voltas, e na chegada. Uma quantidade razoável. Não estava muito gelada, mas isso poderia piorar o meu estado ou gripar algum atleta. Já fiquei gripada por jogar água geladíssima em mim depois da corrida. Assim que cheguei, devolvi meu número. O Thiago ficou de tirar fotos minhas correndo, mas como a bateria da câmera acabou, teve que usar o celular, cujo resultado não foi muito bom. Na chegada, vi o Dr. Rogério e falei que conheci a sua sobrinha, Luana, que faz mestrado no LES. Fechei a prova em vergonhosos 43:01, ficando em 14º lugar de 16 atletas. Só que todos os tempos foram ruins por causa do calor e da dificuldade de percurso. Cheguei quase 1 volta atrás da 1º colocada, a Lucinha, do Vasco. Algo chato é na classificação final ser contada como atleta do Salgueiro...

Ao final, vi a Regina mancando. Ela virara o pé e torcera feio. O Thiago testemunhou o acidente e a viu gritando na hora. A Ana Paula, também do Vasco, foi outra que torceu o pé. Durante o percurso, meu pé chegou a virar mas nada aconteceu. Nunca mais quero torcer o pé. Se fosse na época em que meus tornozelos estavam fracos, não sei não.

Durante a corrida e enquanto eu trotava, o Thiago se enturmou com uns meninos e ficou subindo numa corda de um aparelho de exercício para militares. Ele subia com a maior facilidade e pulava lá de cima. Ganhou o apelido de Tarzan de boné. Ele de certo daria um bom saltador de vara. Além de forças nos braços, sabe dar mortais. Os outros não conseguiam fazer o que ele fazia. Eu até tentei e consegui ficar pendurada, mas o medo falou mais alto. Há um tempo atrás não teria forças para isso. É tão bom saber que estou forte!

Depois, fomos tomar banho. Primeiro fui eu, pois só tinha um xampu, sabonete e condicionador. De tanto o banheiro ser usado por atletas sujas de lama e não ser limpo, ficou nojento. Sem falar que o papel acabou e no fato de algumas sujarem o vaso de xixi. No chuveiro coletivo, a água quase transbordava por causa do ralo entupido. As meninas falavam que era água de xixi. Mesmo de chinelo a água batia em meus pés e sempre tem gente para fazer xixi no chuveiro, o que é uma grande falta de higiene. Notei que algumas meninas não se sentiam a vontade de ficar peladas no chuveiro. Enquanto me vestia, notei que havia uma fresta por onde alguém poderia nos olhar. Porém, acho que ninguém a notou.

Já estava vestida e apenas arrumava o cabelo quando ouvi o Thiago me chamar para pegar as coisas para tomar banho. Fiquei esperando por ele na porta do vestiário masculino. Um garoto queria voltar para a casa só de short e lhe disseram que não podia nem ficar sem blusa ali, podendo ser preso. O rapaz disse que isso seria bom, pois teria comida de graça e lugar bom para treinar. Então, dissemos-lhe que se ficasse preso, não iria treinar e sim descascar batatas ou capinar. Certamente não iria poder treinar.

Quando o Thiago saiu do banheiro, ele falou que uma garota ficou lhe paquerando e que, ao ir embora, ela lhe piscou. Como eu não sou ele, nem liguei.

Quase chegando em casa, um menino de rua lhe pediu o boné. O Thiago recusou, dizendo que era o único que ele tinha. Ele me disse que não iria dar pois havia sido um presente meu, mesmo eu tendo lhe dado vários bonés.

As fotos tiradas estão no meu Orkut. O Ari tirou mais fotos para dar ao presidente da FARJ, o prof. Lancetta. Contudo, nada foi publicado no site até o presente momento.

Quanto à gripe, ela acabou que ficou bem forte. Durante a semana seguinte cheguei a ter febre e a deixar de treinar por conta da doença. A coisa ficou tão feia que precisei fazer inalação. Fazia muito tempo que não ficava mal assim.

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