XX° Campeonato Brasileiro de Atletismo Master

Como iria competir já na sexta-feira à noite, não podia dar chance ao azar de chegar atrasada na prova. Então, comprei o voo para mais cedo, saindo às 6:10 do Santos Dumont. Para isso, precisava acordar às 4 da manhã. Contudo, mesmo indo para a cama bem cedo, demorei muito a dormir. Morria de medo de o voo atrasar e perder a conexão de Campinas para Cascavel. Se perdesse a conexão, o próximo avião só chegaria em Cascavel às 16 h, muito em cima da hora para quem tinha que correr os 10.000 m às 18:15.

Para minha sorte, deu tudo certo. Peguei o Uber agendado às 4:30 para o Santos Dumont, o voo da Azul saiu no horário, em Campinas tomei um cappuccino, o voo seguinte foi no mesmo avião e cheguei em Cascavel pouco depois das 10 h. O aeroporto de Cascavel não tem quase nada para ver. 

Do aeroporto peguei um Uber para o hotel Ibis, bem no centro da cidade. Fiz meu check-in e, como tinha quarto vazio, pude entrar mais cedo.

Falei com o Eduardo Lopes da AVAt-RJ sobre meu kit e tentei dormir um pouco. Também não consegui. Esta competição, ao contrário da anterior, é por estados e não clubes, onde quem pega os kits são os representantes dos estados.

Consegui um Uber para chegar na pista rapidamente, que é no meio do nada. Entretanto, tem uma estrutura novinha em folha, tendo sida inaugurada no início do ano. Tem arquibancada com bancos, estrutura para alimentação, alojamentos e pista de aquecimento de 100 m coberta. Essa pista é macia e ainda conta com uma com subidas e descidas.  Lá dentro também tem caixa de areia e um ringue. Os banheiros são maravilhosos, contando ainda com chuveiros aquecidos.

Falei com o Zé Luiz e peguei meu kit. Tinha o número, uma sacola e uma camisa da competição. Tinha também uma camiseta AVAt-RJ. Só que como o short que eu queria para usar com o uniforme novo não pôde ser feito, eu corri com a camiseta antiga e um short azul e branco. 

Enquanto me aquecia, falávamos sobre a maravilhosa pista e lamentávamos a demolição do Célio de Barros e o abandono do Ibirapuera. Essa pista pode ser usada para treinos de atletas federados ou veteranos. Cascavel tem ainda outra pista de atletismo pública para quem quer só manter a forma. O que custa pegar uma ínfima parte do dinheiro roubado pelo Cabral para reconstruir a pista do Célio?

Na hora da competição chamaram todas as mulheres e os homens acima de 60. Entramos na pista e percebi que ela é mais dura que a de Timbó, mas não tão dura quanto às do CT-DEO, CEFAN e CDA.

Quando cheguei, as competições estavam adiantadas um pouco. Todavia, por conta das várias baterias de 800 m masculino, nossa prova atrasou 10 min. 

Dada a largada, ainda sentia o cansaço e a altitude de 700 m da cidade. Se isso atrapalhou, por outro lado, aqui o nível estava bem mais fraco, sem atletas de elite. A pista como um todo, além de mais dura, também estava mais seca, apenas com 2 poças. 

Não larguei muito forte e tentei sempre ficar atrás de alguém que me puxasse. Fiquei a maior parte da prova atrás de um homem, bebi 3 copos de água e melhorei bem meu tempo, fazendo 51:06.71. A frequência média ficou em 171. Talvez tenha sido mais alta porque deu uma louca no frequencímetro quando bebi a primeira água e ela foi para a casa dos 140 por um tempo. 

Às premiações estavam sendo logo depois, só que as do 10.000 m resolveram deixar para o sábado de manhã. Eu fui a 1° e única da minha faixa-etária, e a 2° geral feminina de nove atletas. Ainda passei alguns homens acima de 60 anos! Algo que me chamou a atenção foi um senhor de SP de 60 anos que fez os 10.000 na casa dos 37 min. Impressionante!

Ao ir pegar minha sacola, fui atacada por mosquitos; a região toda estava repleta de insetos. Queria sair logo para o hotel, mas não conseguia Uber; os motoristas não querem ir para lá porque não sabem que tem uma pista de atletismo. Eles acham que é de um condomínio de casas ao lado onde para o Uber entrar se perde o maior tempão com credenciamento. Acabou que consegui uma carona com um simpático casal até o shopping para jantar. De lá, voltei a pé ao hotel, onde passei gelo, descansei e fui dormir.

No meio da madrugada precisei enfaixar as panturrilhas com pomada de anti-inflamatório porque estavam assando.

No dia seguinte, acordei por volta das 8 h sem precisar de despertador pois os 5.000 m era só às 15 h. Aí tentei passear um pouco. Entretanto começou a chover. Ao menos consegui comprar um repelente.

Por volta de 13:45 tentei chamar um Uber mas por causa da chuva não conseguia encontrar nenhum. Sorte que um dos atendentes do hotel arrumou um carro do 99 para mim.

Chegando lá estava chovendo e ventando muito. Ventou tanto que a competição precisou ser paralisada um pouco. Fomos para a largada com 30 min de atraso. Eu estava congelando. Para piorar, a ventania desmantelou o equipamento do tiro de largada. Imagina ficar só de camiseta na chuva e vento frios? Estava 18° C, mas a sensação térmica era bem mais baixa. Nos mandaram de volta à pista de aquecimento e só fomos largar mesmo às 15:55.

Era tanto frio que meus pés ficaram dormentes. O vento na primeira curva era tão grande que não nos deixava correr. Essa rajada era tão forte que soltou meu frequencímetro do lugar. A tempestade também fez estrago na pulseira do relógio, que está saindo. Acabou que fiz o tempo horroroso de 26:20.16, sendo a 1° e única da minha faixa-etária e a 4° geral de 9 atletas. 

Fizeram a premiação dos 10.000 m do dia anterior e a dos 5.000 m e lá fui eu para o aquecimento do revezamento 4 x 100 m.

Enquanto me aquecia, alguns rapazes da equipe davam dicas de como correr bem os revezamentos. Em ambos eu seria a última por ser a mais jovem.

Se no masculina tinham várias equipes a ponto de precisar de 4 baterias, no feminino só tiveram 3 equipes e de categorias diferentes. Ao menos quando fomos para a pista tinha parado de chover. Ainda assim ventava muito frio. A Terezinha abriu, a Adriana foi a 2° e Andrea a 3°. A Adriana assumiu a 1° colocação geral, mas eu a perdi para a equipe de SP mesmo dando tudo de mim. Acabou que fomos a 2° geral com 1:08.75.

Desta vez consegui o Uber ainda quando estávamos na premiação. Voltei para o hotel para jantar, tomar banho, passar gelo e descansar. Para ser prevenida, enfaixei as panturrilhas antes de dormir.

No domingo acordei bem às 7:20, me arrumei, guardei tudo nas malas e fui pegar o Uber para a pista. Desta vez veio rápido e cheguei lá por volta de 8:45. Estava sem chuva, mas com 16° C e vento muito frio.

Chamaram-nos antes da hora e a largada foi 10 min mais cedo, às 9:30. Mesmo cansada e com vento contra forte na 1° curva, melhorei meu tempo e fiz 7:00.33, com frequência cardíaca média de 166. Fui novamente 1° e única na faixa-etária e a 5° geral de 11 atletas. 

Assim que premiaram voltei para a pista de aquecimento para o revezamento 4 x 400 m. Novamente eram só às mesmas 3 equipes: RJ, SP e PR. Fui novamente a última. Entretanto, as mulheres de SP abriram uma vantagem muito grande. Nossa colocação foi a mesma e eu fiz minha parte em 1:44.8 com 142 de frequência cardíaca média. Já o tempo total foi de 6:10:71. Na última reta, já estava sem pernas e o incentivo da equipe na arquibancada me fez fazer um tempo bem melhor do que o esperado. Como estava muito frio, entrei de casaco e capuz na pista e só tirei quando a 3° mulher da equipe pegou o bastão. 

Quando peguei mais uma medalha de ouro, tentei chamar um Uber. Como o aplicativo não encontrava ninguém, peguei carona com um senhor de idade. Só que esqueci de desligar o aplicativo e ele tentou novamente chamar o carro. Quando já estava do lado da rodoviária eu recebo uma ligação do motorista avisando que estava me esperando na pista. Acabou que tive que pagar uma taxa de cancelamento. 

Cheguei na rodoviária bem antes do previsto. Tive que voltar de avião por Foz do Iguaçu porque não tinha avião saindo de Cascavel no domingo depois da competição. 

O ônibus chegou às 14 h e saímos com 5 min de atraso, às 14:20. O ônibus era executivo e bem confortável, mesmo tendo pagado como convencional. O trajeto sairia bem mais rápido se o ônibus não parasse em rigorosamente todas as cidades no meio do caminho. Ainda deu confusão no meio do caminho: teve um passageiro a mais que foi de pé até a cidade seguinte. Parece que o problema é que teve gente que comprou passagem para o horário mais tarde e o motorista não conferiu as passagens direito. Ainda bem que comprei antecipadamente. Se tivesse deixado para comprar em cima da hora talvez não tivesse conseguido. 

Cheguei em Foz às 17:10 e tentei esperar um ônibus urbano até o aeroporto. Como não apareceu, peguei um Uber mesmo. O aeroporto é longe da rodoviária, então, é melhor ser precavido e chegar cedo.

Cheguei lá às 18 h e após passar pela primeira inspeção consegui trocar o acento no voo para Guarulhos. A Latam agora está assim, até para marcar assento no check-in pelo celular cobra e, como não paguei, colocou-me em lugares horríveis. Em Foz não consegui trocar o acento do para o Rio.

Como o voo atrasou uma meia hora, tive que sair correndo de um avião para outro. No meio do caminho comprei 2 folhados doces e 2 beirutes frios, já que não dava tempo de esquentar. Ao menos estava gostoso mesmo assim. Não tinha trocado o lugar oficialmente. Só que o meu estava ocupado por uma família. Aí sentei no corredor onde gosto, lá no fundo mesmo. Pelo menos cheguei no horário certo no Galeão.

Depois disso peguei um Uber e fui para os braços do meu maridão em nossa casa! Ao saírem os resultados finais, o RJ ficou em 2º no feminino e em 3º no masculino. No feminino é um feito e tanto, já que a equipe do Paraná era muito maior do que a nossa.

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